Xerazade
Conte-me sobre o sonho em que nós retiramos os corpos do lago
e os vestimos com roupas quentes outra vez.
Como estava tarde, e ninguém
conseguia dormir, os cavalos correndo
até se esquecerem que eram cavalos.
Não é como uma árvore em
que as raízes têm que dar em algum lugar,
é mais como uma canção no rádio de
um policial,
como nós enrolamos o carpete
para podermos dançar, e os dias
eram vermelho-claro, e sempre que nos beijávamos havia outra maçã
para
cortar em pedaços.
Olhe para a luz através da vidraça. Significa que é meio-dia, significa que
estamos inconsoláveis.
Estes, os nossos corpos, possuídos por luz.
Diga-me que jamais nos acostumaremos.
--
Scheherazade
Tell me about the dream where we pull the bodies out
of the lake
and dress them in warm clothes again.
How it
was late, and no one could sleep, the horses running
until they forget that they are horses.
It's not like a tree where the roots have to end somewhere,
it's
more like a song on a policeman's radio,
how we rolled up the carpet so we could dance, and the days
were bright red, and every time we kissed there was
another apple
to slice into pieces.
Look at the light through the windowpane. That means
it's noon, that means
we're
inconsolable.
Tell me how
all this, and love too, will ruin us.
These, our bodies, possessed by light.
Tell me we'll never get used to it.